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Fernandah Brener
Sou nutricionista, educadora da Alimentação Viva pelo Projeto Terrapia (ENSP/Fiocruz), Pesquisadora do Higienismo, Pesquisadora das Tradições Nativas, Terapeuta Ayurvédica e Especialista em Nutrição Esportiva e Saúde Pública".
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10.11.10



Alimento Sagrado


A atual medicina se aprofundou inteiramente no estudo dos aspectos biológicos dos alimentos, como a sua composição em nutrientes e calorias. Porém, tal avanço da racionalidade científica fez com que esquecêssemos e, até mesmo, menosprezássemos os demais aspectos inerentes aos alimentos, como sua energia vital e o seu caráter sagrado. Estas novas e, ao mesmo tempo, antigas formas de se relacionar e compreender os alimentos retornam agora juntamente com o resgate das antigas tradições, ligadas à terra e à natureza.

Para que possamos ver o alimento como algo sagrado, até mais do que isso, para verdadeiramente sentir esta sacralidade, uma nova consciência precisa se estabelecer dentro de nós. Desta forma, para o nascimento (ou renascimento) de uma nova consciência, é necessário primeiramente que tomemos a consciência da existência da Mãe Terra, Mãe Natureza, Pachamama, enfim, cada povo deu um nome a esta mãe que é a Mãe de todos nós, é aquela que dá a vida a tudo e a todos neste planeta. Todos os povos da antiguidade reconheciam na terra a Mãe, aquela que nutre, acolhe e nos apóia incondicionalmente. É inegável que a natureza nos dá tudo o que temos, inclusive nosso corpo. Ela nos dá a vida, por isso é a Mãe. Esta forma de ver e de pensar transforma a nossa relação com tudo o que vem da natureza, pois no lugar de um objeto despossuído de personalidade, a natureza torna-se aquela que representa a maior expressão de acolhimento, amor e carinho: a Mãe.




A partir do momento que reconhecemos e relembramos do amor desta Mãe, torna-se possível vivenciarmos a sacralidade dos alimentos, pois o alimento é a mais pura demonstração de amor de nossa Mãe Terra para seus filhos. Ou, em outras palavras, a partir deste momento nos conectamos com o sagrado que sempre esteve presente nos alimentos e em toda a natureza, porém estávamos cegos para esta conexão.Os povos antigos, que sempre viveram em comunhão com a natureza, sempre tiveram este olhar – toda a natureza é sagrada, é a nossa Mãe – e então precisa ser cuidada e merece toda a nossa atenção. Festas com oferendas eram realizadas para agradecer à Mãe Terra a boa colheita, ou para pedir uma boa colheita. Com esta atitude e reconhecimento, estes povos sentiam o amor recebido através dos alimentos. Eles sabiam que a Mãe Terra os amava e assim, ao comer, se alimentavam também deste amor. Esta consciência torna o alimento sagrado e quando atribuímos o status de sagrado a algo, estamos dando-lhe um poder superior.

Atualmente, estudiosos de diversas áreas estão comprovando o poder de nossos pensamentos sobre a construção de nossa realidade. A realidade de cada um é aquilo que acreditamos, pensamos e colocamos nossas intenções. Portanto, se realizarmos nossas refeições com a consciência de que o alimento ingerido é um presente de amor de nossa Mãe Terra, este amor nos nutrirá. Sentir gratidão por cada alimento que ingerimos preencherá nosso ser da abundância que temos em nossas vidas. Um dos grandes problemas da atualidade reside no vazio existencial, no vazio que habita o coração de diversas pessoas, levando-as à depressão e melancolia. Estas pessoas esqueceram o quanto são amadas por nossa Mãe Terra, não conseguem perceber os presentes que recebem diariamente, fecharam seus canais para sentir o amor da Mãe Terra que se manifesta não só através dos alimentos, mas também através do sol, da lua, das árvores e em toda a natureza. Desta forma, para sentir este amor, é preciso abrir nossas portas sensoriais, permitir-se.
A compulsão alimentar nada mais é do que a necessidade de preencher este vazio com a comida. Pessoas com compulsão agem da forma errada, pois comem sem consciência, como se a comida ao encher o estômago pudesse preencher o vazio do coração. O vazio do coração só é preenchido com AMOR. Mas, primeiramente, precisamos nos abrir para receber este amor. Assim, da próxima vez que for comer, transforme este momento em um ritual. Sente-se, nada de comer em pé e correndo. Respire profundamente e esteja presente. Olhe para o alimento e agradeça, faça uma pequena prece com as palavras que vierem do seu coração – esta atitude abrirá as portas. Mastigue devagar para que possa entrar em contato com o alimento. Sinta amor por este alimento. Visualize que este alimento é o presente da Mãe Terra para você e que ela te ama muito. Bom Apetite!